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Abrapa defende pulverização aérea

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Sérgio De Marco, compareceu ao Senado federal para participar de uma audiência pública sobre as consequências econômicas da proibição de pulverização aérea nas culturas de algodão e soja. A medida do Ibama foi tomada sob a alegação de que a atividade e os produtos utilizados estavam prejudicando a fauna de abelhas no Brasil e publicada, como comunicado, no Diário Oficial da União do dia 19 de julho. O debate aconteceu durante sessão da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA).

De Marco apresentou aos participantes da audiência os números da cadeia do algodão para mostrar o impacto econômico que a medida do Ibama pode ocasionar, caso não seja revogada. Segundo o presidente da Abrapa, a cadeia do algodão é o segundo setor de transformação que mais emprega no país, com 1.7 milhão de empregados, e a que paga os maiores salários. Só em impostos, o setor arrecadou cerca de US$ 7,7 bilhões entre 2010 e 2011.

Sérgio De Marco cobrou, ainda, uma maior atenção dos tomadores de decisão na consulta aos produtores antes de colocar medidas como esta em prática. “Isto aconteceu com base em um princípio de precaução. Não teve nenhum embasamento ou estudo técnico para esta decisão. Os produtores não foram consultados. Nem a Embrapa, empresa brasileira reconhecida internacionalmente por sua competência e conhecimento, foi procurada”, disse.

Para o senador Waldemir Moka (PMDB-MS), a medida do Ibama não tem nenhum sentido, ao sugerir a substituição dos neonicotinoides pelos organofosforados. “Sou médico, dei aula de química minha vida inteira, e sei que compostos organofosforados podem, sim, fazer mal. Mas invocar o princípio da precaução sem comprovação científica é um absurdo”, afirmou. Ivo Cassol (PP-RO), pediu aos representantes do Ibama e do Ministério da Agricultura que pensem melhor antes de tomar as decisões. “É preciso conversar com o setor. Principalmente, porque há uma demora na liberação de produtos substitutos. O Ibama proíbe o que existe e a Anvisa não libera os novos. Como fica o produtor?”, questionou.

O Coordenador Geral de Registro de Agrotóxicos e Afins do Ministério da Agricultura, Luís Eduardo Rangel, afirmou, no entanto que a medida será flexibilizada para garantir a viabilidade da safra 2012/2013. “Incluiremos a cultura do algodão no processo de excessão para garantir a safra 12/13. Isso será resolvido nos próximos dias. Estamos em fase final de alinhamento para termos a publicação no início da próxima semana”, disse Rangel. Segundo ele, o processo de reavaliação dos produtos suspensos seguirá seu curso natural dentro do ministério e caso seja necessário, a medida será extendida para as próximas safras a fim de não prejudicar as culturas.

EUROPA – O professor Paulo Degrande, da Universidade Federal de Dourados (MS), contestou a medida do Ibama. Segundo ele, o princípio de precaução foi tomado com base em estudos de problemas ocorridos no hemisfério norte. No entanto, a diferença de clima e ecossistemas entre países europeus e o Brasil, não foi levada em conta. “Não há provas científicas de que a pulverização aérea afeta as abelhas”, atestou.

Também participaram da audiência pública Márcio Rosa Rodrigues, do Ibama; Alexandre José Cattelan, chefe da Embrapa Soja; e Carlos Henrique Favaro, da Associação Brasileira dos Produtores de Soja. Gilson Pinesso, presidente eleito da Abrapa para o biênio 2013/2014, e Eraí Maggi, 2º secretário da entidade, também estiveram presentes.