A Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (AMPA) e o Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt) estão atentos à ocorrência de Helicoverpa spp. nos algodoais de Mato Grosso. Até que mais estudos definam quais as espécies que realmente compõem o complexo Helicoverpa spp. em Mato Grosso, o IMAmt entende que o uso da denominação Helicoverpa spp. seja o mais correto, pois se refere à ocorrência de mais de uma espécie da praga no ambiente, incluindo H. armigera, H. zea e H. gelotopoeon.
Observações de campo e dados de pesquisa do IMAmt (ainda não publicados) têm demonstrado que em agroecossistemas mato-grossenses em que se cultivam milho, soja e algodoeiro ao mesmo tempo e/ou espaço, Helicoverpa spp. ocorre simultaneamente com Heliothis virescens, espécie da mesma família de Helicoverpa spp. e comum à cultura do algodoeiro e soja. Considerando a população de H. virescens e Helicoverpa spp. no campo, Helicoverpa spp. representa em torno de 25 a 30% da população dessas duas espécies até o momento.
Workshop – O IMAmt está trabalhando em parceria com outras instituições de pesquisa nacionais e internacionais de modo a gerar informações quanto à incidência, identificação, monitoramento e métodos de controle da Helicoverpa spp. em Mato Grosso, bem como sobre o nível de resistência das espécies encontradas a campo às principais toxinas Cry expressas nas variedades Bt de algodoeiro disponíveis comercialmente.
O objetivo é orientar os produtores dentro de um plano de manejo fitossanitário da praga elaborado para o Mato Grosso, à semelhança do que a Bahia vem fazendo – plano este que deverá ser revisado a cada safra. Neste sentido, a AMPA e o IMAmt promoverão um workshop para discussão da problemática da Helicoverpa spp. em Mato Grosso, reunindo consultores e pesquisadores em julho próximo.
De maneira proativa, as duas entidades orientam os cotonicultores a continuarem monitorando as lavouras para a incidência de Helicoverpa spp. até o final da safra e no período de entressafra por meio de armadilhas luminosas e/ou vistorias das culturas de cobertura, enfatizando que o IMAmt está à disposição para qualquer dúvida ou esclarecimento sobre a identificação e manejo da praga no agroecossistema mato-grossense.
Controle – O IMAmt solicitou ao Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea/MT) orientação quanto aos procedimentos necessários à importação de produto agrotóxico que tenha como ingrediente ativo único a substância benzoato de emamectina e, no final da semana retrasada, foi publicada a Instrução Normativa nº 029/2013, que estabelece que “somente após a confirmação oficial e publicação de delimitação da área de ocorrência da praga”, os agricultores ou cooperativas poderão solicitar a “Autorização de Uso Emergencial” do referido agrotóxico.
Na avaliação do entomologista Miguel Soria do IMAmt, o uso desse inseticida é mais uma opção para o controle químico da praga. “O combate à Helicoverpa spp. não se dará apenas com o uso de benzoato de emamectina e sim com uma série de estratégias de controle, daí tornando-se importante o estabelecimento de um plano de manejo da praga para o Mato Grosso. Esse plano deverá englobar um controle químico racional (que respeite o nível de controle pré-determinado para a praga e a rotação do uso de inseticidas com diferentes modos de ação), uma boa tecnologia de aplicação, táticas de controle cultural (como, por exemplo, diminuição da janela de plantio, destruição de restos culturais ao final da safra para destruição de pupas, etc), uso de variedades Bt (respeitando o refúgio), e o uso de agentes de controle biológico. Cabe lembrar que essas ações, dentre outras, devem levar em consideração a particularidade de cada situação/região, e os preceitos do Manejo Integrado de Pragas (MIP)”, explica Soria.