Terminou hoje (05/04), na Embrapa Estudos e Capacitação, em Brasília, a reunião para elaboração do Manejo Integrado de Pragas (MIP) Emergencial da Helicoverpa armigera, praga que tem causado enormes prejuízos às culturas do algodão, milho e soja. “Estamos com a nata da pesquisa brasileira em controle de pragas reunida aqui. Esse é o momento de definirmos ações rápidas e planejadas para buscarmos mecanismos de controle desse mal que está causando enormes prejuízos aos sistemas agrícolas brasileiros”, declarou o presidente da Embrapa, Maurício Lopes, na abertura do evento.
Durante três dias, especialistas do setor público e privado e produtores representantes de vários estados brasileiros debateram estratégias e medidas consolidadas e duradouras para o controle dessa praga exótica
Para o secretário de Desenvolvimento Agrário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Ênio Marques, essa é uma oportunidade de transformar a ameaça em aprimoramento do sistema de defesa. “Temos que avançar mais na questão da inteligência em defesa agropecuária. Isso significa ter uma boa prática regulatória como retaguarda para avaliação de risco. Não podemos mais ter medidas sanitárias improvisadas. Precisamos organizar de forma definitiva uma rede de suporte de avaliação de riscos e a Embrapa deve ser a cabeça desse sistema”, explicou.
O primeiro dia foi reservado para os depoimentos de produtores que sofreram prejuízos por conta da Helicoverpa Armigera. O diretor da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Celito Eduardo Breda, relatou a situação considerada dramática dos produtores de algodão da Bahia que tiveram um prejuízo de cerca de R$ 200 milhões no ano passado. Segundo ele, alguns produtores do Estado perderam toda a produção de algodão. “Temos que caminhar agora para desenvolver um programa fitossanitário em nível nacional com o objetivo de diminuir a dependência de defensivos químicos e investir mais em pesquisas voltadas para o controle biológico de pragas de forma urgente, e a Embrapa poderá nos ajudar muito nisso.”
Breda ressaltou ainda a importância de a sociedade ter a consciência da gravidade do problema e a necessidade de construir alianças para encontrar soluções. Além disso, solicitou o apoio do setor público em relação às questões legais para a tomada de decisões sobre o caso.
O ex-ministro e produtor Alysson Paulinelli, que participou da abertura da reunião, demonstrou preocupação com o surgimento da praga exatamente no momento em que o Brasil está se preparando para se tornar um dos maiores produtores e exportadores de milho. “Quando caminhamos na direção de tentar fazer o Brasil um grande player na produção de milho, surgem tropeços como esse. Mas eu tenho certeza de que as medidas estão sendo tomadas em tempo oportuno. Firmo minha confiança de que aqui estão reunidos elementos capazes de propor soluções, acompanhar e dar sequência ao estudo para o combate a essa lagarta”, comentou.