Pular para o conteúdo

Campo Verde promove palestra sobre lagartas

Os produtores de Campo Verde e região tiveram a oportunidade de assistir a uma palestra do entomologista Miguel Soria, do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), sobre lagartas do gênero Helicoverpa spp e outras lagartas prejudiciais às lavouras de algodão e milho, em evento realizado nesta quinta-feira (16/05), na sede do Sindicato Rural.

Segundo Soria, observações de campo e dados de pesquisa do IMAmt (ainda não publicados) têm demonstrado que, nos agroecossistemas mato-grossenses em que se cultivam milho, soja e algodoeiro  ao mesmo tempo e/ou espaço  – situação da maioria da áreas agrícolas de Mato Grosso -, Helicoverpa spp. ocorre simultaneamente com Heliothis virescens (espécie da mesma família de Helicoverpa spp. e comum à cultura do algodoeiro e soja).  O pesquisador acrescenta que, considerando a população de H. virescens e Helicoverpa spp. no campo, Helicoverpa spp. representa em torno de 25 a 30% da população dessas duas espécies. Lagartas-pragas do gênero Helicoverpa spp., entretanto, provocaram enormes prejuízos às lavouras do oeste da Bahia, Maranhão e Piauí no início deste ano.

“Estamos com lavouras de algodão e milho plantadas e nossa intenção é orientar os produtores de modo a se precaverem contra o problema”, afirma Fernando Guerreiro, presidente do Sindicato Rural de Campo Verde e do Núcleo Regional Centro da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (AMPA).

O evento também abriu espaço para a discussão do cultivo de variedades geneticamente modificadas resistentes a insetos em lavouras de milho e algodão. A utilização das variedades ‘BT’ – assim chamadas por serem capazes de expressar proteínas inseticidas da bactéria de solo Bacillus thuringiensis -, aumentou a proteção contra lagartas-pragas, porém a experiência das últimas safras vem comprovando a necessidade de vigilância constante e de adoção de cuidados como a manutenção de áreas de refúgio (área cultivada como fornecedora de indivíduos  não resistentes – ou suscetíveis – à tática de controle), entre outras orientações preconizadas dentro dos preceitos do Manejo Integrado de Pragas (MIP).

As possíveis dificuldades de comercialização e armazenamento da produção de milho na região de Campo Verde foram tema de palestra de Daniel Latorraca, gestor do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Realizado em parceria com a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja-MT), o evento aconteceu na sede do Sindicato Rural de Campo Verde, na Rua Belo Horizonte, 820, Centro.

Na opinião de Alexandre Schenkel,  produtor  de algodão, soja e milho em Campo Verde, membro do Conselho Técnico do IMAmt e vice-presidente para a Região Sul da Aprosoja-MT, o evento foi muito positivo. "Temos que aproveitar mais o conhecimento dos pesquisadores do IMAmt, a prata da casa", comentou Schenkel, que vem amargando prejuízos na safra atual com o ataque das lagartas-praga do gênero Helicoverpa spp.  Segundo ele, cerca de 70 pessoas – entre produtores e seus colaboradores – ouviram as recomendações do entomologista Miguel Soria, que integrou recentemente o grupo de pesquisadores do IMAmt em visita técnica à Austrália, país considerado referência mundial no combate a esse gênero de lagarta-praga.