O avanço do plantio de milho safrinha sobre outras culturas, como algodão e feijão de segunda safra, foi o principal destaque do sétimo levantamento da produção de grãos, fibras e oleaginosas na safra 2013/14, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) esta semana. Em relação ao sexto levantamento, divulgado no mês passado, houve crescimento de 369,1 mil hectares (+4,5%) na área cultivada com milho de segunda safra, que avançou para 8,642 milhões hectares, principalmente em Mato Grosso (mais 132,2 mil hectares, ou 4,2%), Mato Grosso do Sul (mais 81,5 mil hectares, ou 6,5%) e no Maranhão (mais 73,8 mil hectares, ou 103,5%).
A estimativa da Conab é de crescimento de 13,4% na área de milho safrinha ante a safra passada. A produção deve crescer 9,1%, para 42,685 milhões de hectares, consolidando a segunda safra – semeada após a colheita da soja – como a principal opção dos agricultores de cultivo do cereal, ao superar em volume a colheita verão, até há alguns anos considerada a safra principal de milho. A área cultivada com milho de verão, plantado a partir de setembro, recuou 7,6% para 6,985 milhões de hectares e a produção deve crescer 2,7%, para 34,766 milhões de toneladas. A produção total de milho é estimada em 77,451 milhões de toneladas, volume 6,1% superior ao recorde de 72,979 milhões da safra passada.
O diretor de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Silvio Porto, comenta que a melhor expectativa de rentabilidade de milho levou os produtores a optar pelo cereal em detrimento de outras culturas. Um exemplo é o algodão no Mato Grosso, onde a expectativa até fevereiro era de plantio de 537 mil hectares. No levantamento feito em março pelos técnicos da Conab os produtores no Mato Grosso reduziram a intenção de plantio de algodão em 72,6 mil hectares, para 464,4 mil hectares. Em termos de Brasil, a redução foi de 80,9 mil hectares, para 886,8 mil hectares. Em relação à safra passada, a estimativa é de queda de 506,6 mil hectares (36,4%) na área de algodão (para 886,8 mil hectares) e de 631 mil toneladas (32,7%) na produção, para 1,263 milhão de toneladas de pluma.
No caso do feijão de segunda safra, houve redução de 110,3 mil hectares (-8,1%) na intenção de plantio entre fevereiro e março, passando de 1,368 milhão de hectares para 1,258 milhão de hectares. As principais reduções de áreas do feijão ocorreram em Pernambuco, passando dos 107,7 mil hectares para 50 mil hectares. Em Minas Gerais a redução foi de 24,4 mil hectares (para 134 mil hectares).
O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, afirmou que a redução de área do algodão surpreendeu e que a preocupação agora é com o escoamento da grande produção milho, estimada pela Conab em 17,323 milhões de toneladas no Mato Grosso. Ele afirmou que as discussões estão avançadas dentro do governo e que a intervenção do mercado para aquisição de milho visando à recomposição dos estoques oficiais, que estão em níveis extremamente baixos, deve ocorrer no início do segundo semestre.
Redução – O sétimo levantamento de safra da Conab indica que serão cultivados 886,8 mil hectares com algodão no país. O número é 36,4% inferior aos 1.393,4 mil hectares cultivados na safra 2011/12. Segundo a Conab, a retração dos preços nos mercados interno e externo, os altos custos de produção e os bons preços da soja e do milho são fatores que influenciaram os cotonicultores nacionais na decisão sobre o tamanho da área a cultivar na atual safra.
Ainda de acordo com o último levantamento da Conab, Mato Grosso, estado detentor de 64,0% no processo produtivo nacional, recuou em 36 % a área plantada em comparação à safra 2011/12. Já a Bahia, segundo estado no ranking na produção nacional, aparece na pesquisa com recuo de 34,5%, saindo de 417,5 mil hectares cultivados na safra passada, para 273,5 mil hectares na safra atual. Os estados de Goiás e Mato Grosso do Sul apresentam retração de 48,5 e 36,0%, respectivamente.
A equipe da Conab acredita que o ganho tecnológico deverá colaborar na melhoria da produtividade ou, no mínimo, manter os mesmos níveis obtidos na safra anterior, ressalvadas as influências climáticas.O resultado aparece no aumento médio nacional para a próxima safra: cerca de 4,8%, passando de 3.513 para 3.681 kg/ha de algodão em caroço.
Quanto à produção nacional do algodão em pluma, a pesquisa atual aponta para uma redução de 32,7% em relação à safra anterior, passando de 1.887,3 para 1.263,4 mil toneladas. Mato Grosso deverá colher cerca de 673,2 mil toneladas, o que equivale a 53,2% da produção nacional atualmente estimada. Na sequência, vem a Bahia com 368 ton e Goiás com 76,1 mil ton, correspondendo em termos percentuais a 29,1% e 6,0%, respectivamente.
Segundo a Conab, as precipitações pluviométricas registradas nas principais regiões produtoras de algodão beneficiaram o início da semeadura e os bons regimes de chuvas verificados até omomento estão favorecendo a fase atual de desenvolvimento vegetativo e o início de floração da cultura. A sétima pesquisa de avaliação de safra indica novamente redução na produção nacional de algodão, avaliada em 1.263,4 mil toneladas de pluma, contra 1.399,8 mil na safra passada.