A decisão de isenção da Tarifa Externa Comum (TEC) de 10% para 80 mil toneladas de algodão entre maio e julho de 2013 fez com que os compradores passassem a adquirir apenas o essencial para atender necessidades imediatas. “Com isso, as pontas de oferta e demanda passaram a trabalhar de forma mais equilibrada no mercado disponível”, explica o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento.
No CIF de São Paulo, depois de ter alcançado a máxima em R$ 2,16 por libra-peso no dia 05 de abril, a indicação estava por volta de R$ 2,10 por libra-peso no início da segunda quinzena do mês. “Vale ressaltar, contudo, que mesmo após a recente acomodação os preços, ainda são 5% superiores aos praticados em igual período do mês passado e acumulam valorização de 32% em 2013”, frisa o analista.
Com escassez de oferta no mercado doméstico, as cotações têm sido balizadas pela paridade de importação. No fechamento do dia 15 de abril, a fibra norte-americana, cotada a US$ 0,84 por libra-peso na Bolsa de Nova York (maio/13 na ICE), com o câmbio de R$ 1,9970 por dólar, chegaria ao CIF de São Paulo a R$ 2,37/libra-peso (com ICMS). O produto nacional é disponibilizado no mesmo mercado a R$ 2,35 por libra-peso. Ou seja, a fibra brasileira seria 0,6% mais acessível que a importada. “Esta proximidade entre as duas possibilidades de abastecimento corroboram a afirmação de que os agentes têm na paridade de importação a principal referência para a formação de preços”, ressalta Bento.
A partir do mês de maio, quando passa a vigorar a isenção da TEC, os preços devem se ajustar à nova realidade. “Se a isenção do imposto de importação estivesse vigorando no fechamento do dia 15 de abril, a fibra norte-americana chegaria ao CIF da indústria paulistana a R$ 2,19 por libra-peso”, comenta o analista. Neste caso, para retornar à paridade com o estrangeiro, o algodão nacional teria que recuar 6,8% no FOB. “Este é o movimento que se espera. Porém, o fato de existir escassez do produto no mercado disponível pode fazer com que seja menos que proporcional em relação à redução do custo de importação”, salienta. “E esta escassez deve basicamente ao excepcional desempenho das vendas externas nesta temporada”, completa.